10 ações para controlar a Salmonella na granja

Considerada como um dos principais problemas em granjas, a Salmonella chama a atenção devido aos riscos que apresenta à saúde pública. Provocada por bactérias muito adaptadas às aves, essa é uma do...

Considerada como um dos principais problemas em granjas, a Salmonella chama a atenção devido aos riscos que apresenta à saúde pública. Provocada por bactérias muito adaptadas às aves, essa é uma doença que preocupa bastante, tanto pela ameaça de transmissão vertical quanto pela contaminação dos ovos para consumo.

A contaminação dos produtos de origem animal pode ocorrer em diferentes etapas do processo produtivo e as estratégias de controle permitem que ações sejam tomadas em cada uma dessas etapas, de maneira específica e eficiente. Isso envolve, basicamente, conhecimento técnico e tecnologia voltada à gestão do galpão aviário.

Neste artigo, vamos explicar o que é a Salmonella, as causas do seu surgimento, as doenças e sintomas provocados por ela, assim como o diagnóstico e tratamento. Ao final, vamos mostrar como você pode controlar e prevenir esse problema em sua granja. Boa leitura!

O que é Salmonella?

A Salmonella é uma bactéria que causa intoxicação alimentar. Há diferentes tipos e subespécies. As que mais afetam a saúde das pessoas são a entérica e a bongori.

A Salmonella entérica (SE) é considerada como de maior relevância para a saúde pública. Além de apresentar seis diferentes subespécies, conta com mais de 2.500 sorotipos, microrganismos que podem provocar várias complicações à saúde, como a febre tifóide e a não tifóide.

Já a Salmonella bongori é uma subespécie menos comum dessa bactéria e conta com 22 sorotipos.

Quais são as causas da Salmonella?

Segundo a Embrapa, as fontes de infecção recorrentes nas granjas são devido à inclusão de pintos de 1 dia de vida, provenientes de lotes de matrizes já infectadas com SE. Embora poucos ovos sejam portadores dessa bactéria no momento da postura, a contaminação acontece no ambiente favorável à sua penetração pelos poros da casca, devido a fatores, como:

  • Falta de higiene do local;
  • Fezes nos ninhos;
  • Manipulação com as mãos sujas, entre outros aspetos.

Na fase de incubação, os pintos que excretam a salmonela no mecônio, ainda dentro dos nascedouros, contribuem para a difusão da bactéria no ambiente, multiplicando o número de pintos positivos que nessa fase são muito susceptíveis. A bactéria pode ingressar nesses pintos por via respiratória, oral, umbigo ou cloaca.

Há três grandes grupos de veículos que contribuem para a entrada da bactéria, que incluem:

  • Pintos de origem positiva;
  • Ração contaminada;
  • Meio ambiente — todos os elementos que compõem o entorno da granja, como estrutura física, pessoas, roedores, pássaros, outros animais domésticos ou insetos, ração e água contaminada.

Quais são as doenças e os sintomas provocados pela Salmonella?

A Salmonella pode causar diversos problemas de saúde devido à intoxicação alimentar. Os sintomas podem incluir desde simples desconfortos até graves infecções, podendo levar ao óbito.

As doenças que apresentam sintomas mais graves são a Salmonella não tifóide e a Salmonella tifóide, conforme comentamos a seguir.

Salmonella não tifóide

Essa doença provoca sintomas que podem ser parecidos com outros de ordem intestinal, como:

  • Calafrios e febre moderada;
  • Cansaço;
  • Diarreia com ou sem presença de sangue;
  • Dores abdominais e cólicas;
  • Mal-estar;
  • Vômitos.

A intensidade dos sintomas pode variar entre as pessoas, e surgem entre 6 a 72 horas após a infecção, a partir do consumo do alimento infectado. Eles podem persistir por um período de 2 a 7 dias, em média.

Salmonella tifóide

Conhecida como febre tifóide, essa doença traz consequências mais graves a partir da infecção pela bactéria. Ela é mais comum em regiões com baixo nível de saneamento básico, o que provoca infecções pela falta de higiene dos ambientes. Seus sintomas incluem:

  • Aumento do volume do baço;
  • Diarreia;
  • Dor de cabeça;
  • Falta de apetite;
  • Febre alta;
  • Mal-estar;
  • Manchas pelo corpo, especialmente no tronco
  • Retardamento dos batimentos cardíacos.

As complicações podem ser severas, provocando hemorragia intestinal e perfuração. Além disso, pode ser desenvolvido um quadro de pneumonia e retenção urinária.

Em grupos de pessoas com sistema imunológico comprometido, como portadores de HIV/AIDS e os transplantados, além de gestantes, crianças e idosos, a doença pode ser mais grave.

Os sintomas podem surgir entre 6 e 72 horas, sendo mais comum ocorrer entre 12 e 36 horas após o consumo do alimento contaminado, permanecendo por 2 a 7 dias. Eles podem variar de intensidade de acordo com a quantidade de alimento contaminado ingerido e o nível de contaminação.

É importante observar, ainda, que o contato com alguns animais infectados (incluindo os de estimação) também pode ser fonte de transmissão, especialmente se não houver uma correta higienização das mãos logo após o toque.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento?

O diagnóstico é realizado por meio de avaliação médica, com base em exames de fezes, sangue e urina, além de uma análise clínica do histórico de vida do paciente, incluindo os alimentos consumidos e locais que frequentou dias antes da ida ao médico.

Em geral, quando a infecção não é grave, o tratamento é realizado com repouso, ingestão de bastante água para manter o organismo hidratado e medicamentos para controlar os sintomas.

Nos casos de infecções graves pode ser recomendado o uso de reposição eletrolítica, hidratação e antibióticos, principalmente para evitar a disseminação da bactéria para outros órgãos, caso o problema no intestino não seja controlado.

Como ter controle sobre essa bactéria?

Para um perfeito controle da Salmonella é importante ter cuidados essenciais com as aves e com o ambiente de entorno, além de monitoramento permanente e exames periódicos.

Veja, a seguir, 10 ações que você pode implementar em sua granja, conforme orientações da Embrapa.

1. Observe a origem e faça a manutenção da saúde das aves

É crucial obter aves de origem segura e devidamente vacinadas. A vacinação que protege contra a Salmonella deve ocorrer ainda no período incubatório, ou ainda, antes de iniciar a fase produtiva.

Mas é preciso observar que a vacina é apenas uma das ferramentas de controle, não tendo efeito curativo. Embora a principal forma de transmissão seja por contágio, alguns sorovares de Salmonella podem ser transmitidos a partir da matriz. Portanto, ela deve estar livre dessa bactéria, sendo este, um pré-requisito importante para o controle.

Após o final do período produtivo (no caso da postura), as aves devem ser descartadas exclusivamente para abate. Isso significa que elas não devem ser comercializadas vivas, diretamente ao consumidor, ou em mercados e feiras municipais.

2. Desinfecte o ambiente e atente para o período de vazio sanitário

Essa é uma etapa fundamental do processo. Mas para isso, todas as aves alojadas precisam ter a mesma idade. Isso permitirá que todas saiam simultaneamente.

A higienização deve realizada em todo o ambiente, incluindo:

  • Bebedouros;
  • Calhas;
  • Gaiolas;
  • Parede;
  • Piso;
  • Telas (com jatos de pressão);
  • Teto.

Verifique sempre a necessidade de reparos na estrutura da granja. Se houver rachaduras no piso ou for necessário algum outro tipo de manutenção, deverá ser feito antes de alocar novas aves.

A higienização e desinfeção local precisa ser detalhada em protocolo como Procedimento Operacional Padrão (POP), informando o que será limpo, como e quando será realizada e produtos utilizados. Essas informações devem ficar expostas em um quadro visível.

Cuidados antes de repor aves no ambiente

De acordo com a Embrapa, nenhuma sujeira visível é aceitável. Dessa forma, antes de repor as aves no galpão, é preciso fazer um exame bacteriológico com suabes de arrasto em pontos estratégicos. Realize esse procedimento nos comedouros, gaiolas e demais locais de permanência dos ovos, quando for o caso.

O tempo ideal de vazio sanitário deve ser, no mínimo, 15 dias após a conclusão da limpeza e desinfecção. Esse período precisa ser maior se houver ocorrido Salmonella no lote anterior. A variação pode ser de 2 a 6 meses, dependendo do número de aves positivas no lote.

3. Ofereça somente água e alimento de boa qualidade

Tanto a água quanto a ração ofertadas às aves precisam estar isentas de contaminação de micro-organismos que representem risco para a saúde animal. Por isso, é muito importante monitorar a qualidade, verificando a origem, captação e fabricação, assim como armazenamento e distribuição.

Para garantir boa qualidade na hidratação e alimentação das aves, colete amostras de água e ração e envie a um laboratório para exames, garantindo que estejam livres de Salmonella spp (entérica).

Além disso, as boas práticas de produção, como a cloração da água, correta limpeza de caixas d’água e manutenção de ração protegida de moscas e roedores são pontos essenciais na prevenção da Salmonella.

4. Isole e restrinja o contato com outros animais

Por ser tratar de uma bactéria de múltiplos hospedeiros, a Salmonella pode ser transmitida de aves de vida livre para as que se encontram no sistema produtivo. A instalação de telas de proteção é muito importante para evitar a contaminação.

Além disso, os funcionários que trabalham com bovinos e/ou suínos devem ter cuidado redobrado, pois ambos podem abrigar a Salmonella Typhimurium. O ideal é optar por uma das atividades. Caso estejam presentes na propriedade, devem ficar delimitados por cerca, com uma distância segura mínima de 5 metros.

Outro cuidado é em relação à proibição da presença de gatos no sistema produtivo, pois eles podem veicular a Salmonella spp. Da mesma forma, é preciso evitar os roedores que podem transmitir a doença, além de outros patógenos indesejáveis. Para garantir esse controle, instale iscas e monitore periodicamente.

5. Faça o isolamento e restrição de acesso

Isole o local restringindo o acesso de pessoas alheias ao sistema produtivo para garantir o controle da Salmonella em sua granja. Isso é importante porque a bactéria pode ser veiculada por sapatos, roupas e até mesmo por mãos contaminadas.

Quando o acesso for necessário, é indispensável a exigência de roupas e sapatos limpos para uso interno. No mercado é possível encontrar diversos itens de higienização de funcionários e visitantes nos aviários, como vestuários e produtos químicos.

6. Notifique rapidamente a ocorrência

A notificação é um ato obrigatório. Além de beneficiar a granja com um controle adequado, pode trazer orientações essenciais também para o sistema de Defesa Sanitária Animal. Por isso, quando ocorrer um evento sanitário, a primeira providência é notificar o Serviço Veterinário Oficial ligando para o serviço de defesa do seu Estado.

Deixar de comunicar, escondendo uma ocorrência de Salmonella no sistema produtivo, além de perpetuar o agente no estabelecimento, aumenta a sua resistência. Quando isso acontece, o tratamento das aves não é recomendado, já que elas podem continuar portadoras do agente, voltando a eliminá-lo em períodos de estresse.

Nesse sentido, é preciso muita atenção, pois a bactéria conta com mecanismos que a tornam mais forte e difícil de ser combatida à medida que se mantém em um lote de aves.

7. Atente para o destino correto de aves mortas

Quando uma ave morre, os micro-organismos presentes na carcaça se multiplicam rapidamente. Dessa forma, deixar uma ave morta no ambiente produtivo pode provocar a transmissão de patógenos até então não excretados.

Além disso, as outras aves podem bicá-la e aumentar a probabilidade de transmissão não apenas da Salmonella spp., mas de outros patógenos também.

Outro cuidado importante é não deixar ave morta próxima de caixas de ovos ou de outras aves, mesmo se estiver em gaiola. Os insetos presentes na granja podem veicular mecanicamente os micro-organismos. Para evitar esses riscos, as aves mortas devem ser destinadas ao processo de compostagem ou outro que inative os micro-organismos, como a incineração.

Caso adote a compostagem, certifique-se da sua efetividade. Ela não pode gerar odores, caso apresente, considere que algo deve estar errado, necessitando que revise esse procedimento.

8. Faça o manejo de excretas e controle de moscas

Esse é o ponto-chave de um bom controle da Salmonella, pois a bactéria é eliminada pelas fezes. As excreções precisam sofrer um processamento por fermentação antes de serem utilizadas para qualquer outro fim ou transportadas a outros locais.

É muito importante considerar que qualquer excreta contaminada representa um risco iminente de transmissão e manutenção de Salmonella na granja. Por isso, evite que gaiolas e/ou esteiras tenham excedentes de fezes.

Quando úmidas contribuem para a presença de moscas na granja, já que é o ambiente favorável ao desenvolvimento de larvas que se transformam em moscas adultas em menos de uma semana em épocas quentes.

9. Treine os seus funcionários

Compreender os processos que envolvem a transmissão da Salmonella é o que pode gerar atitudes preventivas. Quando as pessoas entendem o motivo dessas ações, é que elas são melhor assimiladas e aplicadas na rotina do trabalho em granjas.

Por isso, o treinamento constante, reiterando os cuidados de prevenção e mostrando novas formas e tecnologias de automação de aviário, que podem contribuir para evitar a Salmonella, é imprescindível.

10. Invista em conhecimento e melhorias nas instalações

Todo produtor consciente entende que é necessário investir continuamente em conhecimento individual e na infraestrutura das instalações. A propósito, uma forma de reduzir o estresse, fator que favorece a contaminação, é manter a temperatura corporal das aves por meio de aquecimento a gás.

O esforço empreendido nesses aspectos é a forma mais inteligente de prevenir Salmonella e outras enfermidades que podem gerar problemas na saúde das pessoas que consomem os seus produtos, além de trazer grandes perdas econômicas.

11. Conheça mais sobre a solução Ultragaz aviários

A Ultragaz Aviários é destinada a granjas e produtores de frango de corte para medir os parâmetros de ambiência e o manejo de aves nos galpões. Para isso, utiliza um sistema de sensores conectado à internet das coisas (IoT), a fim de monitorar a produção e contribuir para a melhor gestão de custos e organização de processos. A seguir, veja outras vantagens da solução:

  • Todos os dados coletados podem ser visualizados em uma plataforma web em tempo real, permitindo acelerar a tomada de decisão e corrigir rapidamente eventuais problemas;
  • Com o uso do sistema, muitas das rotinas das granjas passam a ser realizadas de forma automatizada, reduzindo custos com mão de obra e a otimizando o trabalho dos funcionários no aviário;
  • Contempla balanças eletrônicas projetadas para pesar diariamente as aves durante todo o seu ciclo de vida, sem a necessidade de contato humano;
  • O gás possibilita controlar o aquecimento do aviário e garante conforto térmico na medida certa aos animais. É fácil de ser manuseado e armazenado e tem a vantagem de ser uma energia limpa.

Como prevenir que a Salmonella vire um problema na granja?

As 10 ações comentadas acima são essenciais para evitar que a Salmonella se transforme em um grave problema para a sua granja. Nesse sentido, é muito importante frisar que o controle eficiente, só ocorrerá se a atenção for dada a todos os fatores mencionados.

A monitoria deve ser realizada de maneira permanente e inclui exames periódicos, já que nem todos os sorovares de Salmonella spp. causam sintomas nas aves. Alguns, como a S. Enteritidis e a S. Heidelberg e S.Typhimurium, que infectam seres humanos, não provocam sinais clínicos evidentes, podendo passar despercebidas.

Além disso, investir na aquisição de conhecimento e novas tecnologias, como a climatização, o sensoriamento do aviário e uso da balança eletrônica para monitorar o ambiente e o desenvolvimento das aves, além de contribuir para o controle de bactérias, ajuda a impulsionar os negócios.

Como você pôde verificar, a Salmonella pode atingir a sua granja e afetar as pessoas que consomem os seus produtos, gerando problemas de saúde a elas e trazendo prejuízos aos seus negócios. Esperamos que as ações aqui apresentadas possam contribuir para evitar que isso ocorra.

Essas informações foram úteis? Se gostou, compartilhe em suas redes sociais para que mais pessoas saibam mais sobre a Salmonella!

Por Redação

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10 ações para controlar a Salmonella na granja

Considerada como um dos principais problemas em granjas, a Salmonella chama a atenção devido aos riscos que apresenta à saúde pública. Provocada por bactérias muito adaptadas às aves, essa é uma do...
15 min

Considerada como um dos principais problemas em granjas, a Salmonella chama a atenção devido aos riscos que apresenta à saúde pública. Provocada por bactérias muito adaptadas às aves, essa é uma doença que preocupa bastante, tanto pela ameaça de transmissão vertical quanto pela contaminação dos ovos para consumo.

A contaminação dos produtos de origem animal pode ocorrer em diferentes etapas do processo produtivo e as estratégias de controle permitem que ações sejam tomadas em cada uma dessas etapas, de maneira específica e eficiente. Isso envolve, basicamente, conhecimento técnico e tecnologia voltada à gestão do galpão aviário.

Neste artigo, vamos explicar o que é a Salmonella, as causas do seu surgimento, as doenças e sintomas provocados por ela, assim como o diagnóstico e tratamento. Ao final, vamos mostrar como você pode controlar e prevenir esse problema em sua granja. Boa leitura!

O que é Salmonella?

A Salmonella é uma bactéria que causa intoxicação alimentar. Há diferentes tipos e subespécies. As que mais afetam a saúde das pessoas são a entérica e a bongori.

A Salmonella entérica (SE) é considerada como de maior relevância para a saúde pública. Além de apresentar seis diferentes subespécies, conta com mais de 2.500 sorotipos, microrganismos que podem provocar várias complicações à saúde, como a febre tifóide e a não tifóide.

Já a Salmonella bongori é uma subespécie menos comum dessa bactéria e conta com 22 sorotipos.

Quais são as causas da Salmonella?

Segundo a Embrapa, as fontes de infecção recorrentes nas granjas são devido à inclusão de pintos de 1 dia de vida, provenientes de lotes de matrizes já infectadas com SE. Embora poucos ovos sejam portadores dessa bactéria no momento da postura, a contaminação acontece no ambiente favorável à sua penetração pelos poros da casca, devido a fatores, como:

  • Falta de higiene do local;
  • Fezes nos ninhos;
  • Manipulação com as mãos sujas, entre outros aspetos.

Na fase de incubação, os pintos que excretam a salmonela no mecônio, ainda dentro dos nascedouros, contribuem para a difusão da bactéria no ambiente, multiplicando o número de pintos positivos que nessa fase são muito susceptíveis. A bactéria pode ingressar nesses pintos por via respiratória, oral, umbigo ou cloaca.

Há três grandes grupos de veículos que contribuem para a entrada da bactéria, que incluem:

  • Pintos de origem positiva;
  • Ração contaminada;
  • Meio ambiente — todos os elementos que compõem o entorno da granja, como estrutura física, pessoas, roedores, pássaros, outros animais domésticos ou insetos, ração e água contaminada.

Quais são as doenças e os sintomas provocados pela Salmonella?

A Salmonella pode causar diversos problemas de saúde devido à intoxicação alimentar. Os sintomas podem incluir desde simples desconfortos até graves infecções, podendo levar ao óbito.

As doenças que apresentam sintomas mais graves são a Salmonella não tifóide e a Salmonella tifóide, conforme comentamos a seguir.

Salmonella não tifóide

Essa doença provoca sintomas que podem ser parecidos com outros de ordem intestinal, como:

  • Calafrios e febre moderada;
  • Cansaço;
  • Diarreia com ou sem presença de sangue;
  • Dores abdominais e cólicas;
  • Mal-estar;
  • Vômitos.

A intensidade dos sintomas pode variar entre as pessoas, e surgem entre 6 a 72 horas após a infecção, a partir do consumo do alimento infectado. Eles podem persistir por um período de 2 a 7 dias, em média.

Salmonella tifóide

Conhecida como febre tifóide, essa doença traz consequências mais graves a partir da infecção pela bactéria. Ela é mais comum em regiões com baixo nível de saneamento básico, o que provoca infecções pela falta de higiene dos ambientes. Seus sintomas incluem:

  • Aumento do volume do baço;
  • Diarreia;
  • Dor de cabeça;
  • Falta de apetite;
  • Febre alta;
  • Mal-estar;
  • Manchas pelo corpo, especialmente no tronco
  • Retardamento dos batimentos cardíacos.

As complicações podem ser severas, provocando hemorragia intestinal e perfuração. Além disso, pode ser desenvolvido um quadro de pneumonia e retenção urinária.

Em grupos de pessoas com sistema imunológico comprometido, como portadores de HIV/AIDS e os transplantados, além de gestantes, crianças e idosos, a doença pode ser mais grave.

Os sintomas podem surgir entre 6 e 72 horas, sendo mais comum ocorrer entre 12 e 36 horas após o consumo do alimento contaminado, permanecendo por 2 a 7 dias. Eles podem variar de intensidade de acordo com a quantidade de alimento contaminado ingerido e o nível de contaminação.

É importante observar, ainda, que o contato com alguns animais infectados (incluindo os de estimação) também pode ser fonte de transmissão, especialmente se não houver uma correta higienização das mãos logo após o toque.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento?

O diagnóstico é realizado por meio de avaliação médica, com base em exames de fezes, sangue e urina, além de uma análise clínica do histórico de vida do paciente, incluindo os alimentos consumidos e locais que frequentou dias antes da ida ao médico.

Em geral, quando a infecção não é grave, o tratamento é realizado com repouso, ingestão de bastante água para manter o organismo hidratado e medicamentos para controlar os sintomas.

Nos casos de infecções graves pode ser recomendado o uso de reposição eletrolítica, hidratação e antibióticos, principalmente para evitar a disseminação da bactéria para outros órgãos, caso o problema no intestino não seja controlado.

Como ter controle sobre essa bactéria?

Para um perfeito controle da Salmonella é importante ter cuidados essenciais com as aves e com o ambiente de entorno, além de monitoramento permanente e exames periódicos.

Veja, a seguir, 10 ações que você pode implementar em sua granja, conforme orientações da Embrapa.

1. Observe a origem e faça a manutenção da saúde das aves

É crucial obter aves de origem segura e devidamente vacinadas. A vacinação que protege contra a Salmonella deve ocorrer ainda no período incubatório, ou ainda, antes de iniciar a fase produtiva.

Mas é preciso observar que a vacina é apenas uma das ferramentas de controle, não tendo efeito curativo. Embora a principal forma de transmissão seja por contágio, alguns sorovares de Salmonella podem ser transmitidos a partir da matriz. Portanto, ela deve estar livre dessa bactéria, sendo este, um pré-requisito importante para o controle.

Após o final do período produtivo (no caso da postura), as aves devem ser descartadas exclusivamente para abate. Isso significa que elas não devem ser comercializadas vivas, diretamente ao consumidor, ou em mercados e feiras municipais.

2. Desinfecte o ambiente e atente para o período de vazio sanitário

Essa é uma etapa fundamental do processo. Mas para isso, todas as aves alojadas precisam ter a mesma idade. Isso permitirá que todas saiam simultaneamente.

A higienização deve realizada em todo o ambiente, incluindo:

  • Bebedouros;
  • Calhas;
  • Gaiolas;
  • Parede;
  • Piso;
  • Telas (com jatos de pressão);
  • Teto.

Verifique sempre a necessidade de reparos na estrutura da granja. Se houver rachaduras no piso ou for necessário algum outro tipo de manutenção, deverá ser feito antes de alocar novas aves.

A higienização e desinfeção local precisa ser detalhada em protocolo como Procedimento Operacional Padrão (POP), informando o que será limpo, como e quando será realizada e produtos utilizados. Essas informações devem ficar expostas em um quadro visível.

Cuidados antes de repor aves no ambiente

De acordo com a Embrapa, nenhuma sujeira visível é aceitável. Dessa forma, antes de repor as aves no galpão, é preciso fazer um exame bacteriológico com suabes de arrasto em pontos estratégicos. Realize esse procedimento nos comedouros, gaiolas e demais locais de permanência dos ovos, quando for o caso.

O tempo ideal de vazio sanitário deve ser, no mínimo, 15 dias após a conclusão da limpeza e desinfecção. Esse período precisa ser maior se houver ocorrido Salmonella no lote anterior. A variação pode ser de 2 a 6 meses, dependendo do número de aves positivas no lote.

3. Ofereça somente água e alimento de boa qualidade

Tanto a água quanto a ração ofertadas às aves precisam estar isentas de contaminação de micro-organismos que representem risco para a saúde animal. Por isso, é muito importante monitorar a qualidade, verificando a origem, captação e fabricação, assim como armazenamento e distribuição.

Para garantir boa qualidade na hidratação e alimentação das aves, colete amostras de água e ração e envie a um laboratório para exames, garantindo que estejam livres de Salmonella spp (entérica).

Além disso, as boas práticas de produção, como a cloração da água, correta limpeza de caixas d’água e manutenção de ração protegida de moscas e roedores são pontos essenciais na prevenção da Salmonella.

4. Isole e restrinja o contato com outros animais

Por ser tratar de uma bactéria de múltiplos hospedeiros, a Salmonella pode ser transmitida de aves de vida livre para as que se encontram no sistema produtivo. A instalação de telas de proteção é muito importante para evitar a contaminação.

Além disso, os funcionários que trabalham com bovinos e/ou suínos devem ter cuidado redobrado, pois ambos podem abrigar a Salmonella Typhimurium. O ideal é optar por uma das atividades. Caso estejam presentes na propriedade, devem ficar delimitados por cerca, com uma distância segura mínima de 5 metros.

Outro cuidado é em relação à proibição da presença de gatos no sistema produtivo, pois eles podem veicular a Salmonella spp. Da mesma forma, é preciso evitar os roedores que podem transmitir a doença, além de outros patógenos indesejáveis. Para garantir esse controle, instale iscas e monitore periodicamente.

5. Faça o isolamento e restrição de acesso

Isole o local restringindo o acesso de pessoas alheias ao sistema produtivo para garantir o controle da Salmonella em sua granja. Isso é importante porque a bactéria pode ser veiculada por sapatos, roupas e até mesmo por mãos contaminadas.

Quando o acesso for necessário, é indispensável a exigência de roupas e sapatos limpos para uso interno. No mercado é possível encontrar diversos itens de higienização de funcionários e visitantes nos aviários, como vestuários e produtos químicos.

6. Notifique rapidamente a ocorrência

A notificação é um ato obrigatório. Além de beneficiar a granja com um controle adequado, pode trazer orientações essenciais também para o sistema de Defesa Sanitária Animal. Por isso, quando ocorrer um evento sanitário, a primeira providência é notificar o Serviço Veterinário Oficial ligando para o serviço de defesa do seu Estado.

Deixar de comunicar, escondendo uma ocorrência de Salmonella no sistema produtivo, além de perpetuar o agente no estabelecimento, aumenta a sua resistência. Quando isso acontece, o tratamento das aves não é recomendado, já que elas podem continuar portadoras do agente, voltando a eliminá-lo em períodos de estresse.

Nesse sentido, é preciso muita atenção, pois a bactéria conta com mecanismos que a tornam mais forte e difícil de ser combatida à medida que se mantém em um lote de aves.

7. Atente para o destino correto de aves mortas

Quando uma ave morre, os micro-organismos presentes na carcaça se multiplicam rapidamente. Dessa forma, deixar uma ave morta no ambiente produtivo pode provocar a transmissão de patógenos até então não excretados.

Além disso, as outras aves podem bicá-la e aumentar a probabilidade de transmissão não apenas da Salmonella spp., mas de outros patógenos também.

Outro cuidado importante é não deixar ave morta próxima de caixas de ovos ou de outras aves, mesmo se estiver em gaiola. Os insetos presentes na granja podem veicular mecanicamente os micro-organismos. Para evitar esses riscos, as aves mortas devem ser destinadas ao processo de compostagem ou outro que inative os micro-organismos, como a incineração.

Caso adote a compostagem, certifique-se da sua efetividade. Ela não pode gerar odores, caso apresente, considere que algo deve estar errado, necessitando que revise esse procedimento.

8. Faça o manejo de excretas e controle de moscas

Esse é o ponto-chave de um bom controle da Salmonella, pois a bactéria é eliminada pelas fezes. As excreções precisam sofrer um processamento por fermentação antes de serem utilizadas para qualquer outro fim ou transportadas a outros locais.

É muito importante considerar que qualquer excreta contaminada representa um risco iminente de transmissão e manutenção de Salmonella na granja. Por isso, evite que gaiolas e/ou esteiras tenham excedentes de fezes.

Quando úmidas contribuem para a presença de moscas na granja, já que é o ambiente favorável ao desenvolvimento de larvas que se transformam em moscas adultas em menos de uma semana em épocas quentes.

9. Treine os seus funcionários

Compreender os processos que envolvem a transmissão da Salmonella é o que pode gerar atitudes preventivas. Quando as pessoas entendem o motivo dessas ações, é que elas são melhor assimiladas e aplicadas na rotina do trabalho em granjas.

Por isso, o treinamento constante, reiterando os cuidados de prevenção e mostrando novas formas e tecnologias de automação de aviário, que podem contribuir para evitar a Salmonella, é imprescindível.

10. Invista em conhecimento e melhorias nas instalações

Todo produtor consciente entende que é necessário investir continuamente em conhecimento individual e na infraestrutura das instalações. A propósito, uma forma de reduzir o estresse, fator que favorece a contaminação, é manter a temperatura corporal das aves por meio de aquecimento a gás.

O esforço empreendido nesses aspectos é a forma mais inteligente de prevenir Salmonella e outras enfermidades que podem gerar problemas na saúde das pessoas que consomem os seus produtos, além de trazer grandes perdas econômicas.

11. Conheça mais sobre a solução Ultragaz aviários

A Ultragaz Aviários é destinada a granjas e produtores de frango de corte para medir os parâmetros de ambiência e o manejo de aves nos galpões. Para isso, utiliza um sistema de sensores conectado à internet das coisas (IoT), a fim de monitorar a produção e contribuir para a melhor gestão de custos e organização de processos. A seguir, veja outras vantagens da solução:

  • Todos os dados coletados podem ser visualizados em uma plataforma web em tempo real, permitindo acelerar a tomada de decisão e corrigir rapidamente eventuais problemas;
  • Com o uso do sistema, muitas das rotinas das granjas passam a ser realizadas de forma automatizada, reduzindo custos com mão de obra e a otimizando o trabalho dos funcionários no aviário;
  • Contempla balanças eletrônicas projetadas para pesar diariamente as aves durante todo o seu ciclo de vida, sem a necessidade de contato humano;
  • O gás possibilita controlar o aquecimento do aviário e garante conforto térmico na medida certa aos animais. É fácil de ser manuseado e armazenado e tem a vantagem de ser uma energia limpa.

Como prevenir que a Salmonella vire um problema na granja?

As 10 ações comentadas acima são essenciais para evitar que a Salmonella se transforme em um grave problema para a sua granja. Nesse sentido, é muito importante frisar que o controle eficiente, só ocorrerá se a atenção for dada a todos os fatores mencionados.

A monitoria deve ser realizada de maneira permanente e inclui exames periódicos, já que nem todos os sorovares de Salmonella spp. causam sintomas nas aves. Alguns, como a S. Enteritidis e a S. Heidelberg e S.Typhimurium, que infectam seres humanos, não provocam sinais clínicos evidentes, podendo passar despercebidas.

Além disso, investir na aquisição de conhecimento e novas tecnologias, como a climatização, o sensoriamento do aviário e uso da balança eletrônica para monitorar o ambiente e o desenvolvimento das aves, além de contribuir para o controle de bactérias, ajuda a impulsionar os negócios.

Como você pôde verificar, a Salmonella pode atingir a sua granja e afetar as pessoas que consomem os seus produtos, gerando problemas de saúde a elas e trazendo prejuízos aos seus negócios. Esperamos que as ações aqui apresentadas possam contribuir para evitar que isso ocorra.

Essas informações foram úteis? Se gostou, compartilhe em suas redes sociais para que mais pessoas saibam mais sobre a Salmonella!

Por Redação